sexta-feira, 8 de outubro de 2010

Água inspira jovens designers mineiros

Finalistas do concurso Minas Lança Novos Criadores apresentam looks inspirados nos aspectos físicos, míticos e ambientais da água



Da transparência e pureza à contaminação e escassez. A partir do tema “Água”, os participantes do 10° Minas Lança Novos Criadores – concurso promovido pelo Minas Shopping para revelar os novos talentos do estilismo mineiro – exploraram o elemento em suas mais distintas representações. Os dez finalistas apresentam suas coleções na próxima quarta-feira, 13 de outubro, durante o Minas Fashion Acqua, no Iate Tênis Clube, quando serão avaliados por importantes nomes da moda no Brasil.


Produtora de moda e idealizadora do concurso, Zoka Vassalo explica que fez parte da estratégia do evento propor um tema amplo, que pudesse ser explorado de forma livre. “Os participantes tiveram espaço tanto para representar de modo romântico quanto para usar a arte como forma de crítica. O resultado foi uma surpresa”, diz.


A beleza clássica da água foi explorada por seis dos dez finalistas do concurso. Um exemplo é a coleção Lanterna Mágica, da dupla Ana Ferreira e Raquel Souza, que extraiu uma variada gama de cores da transparência e reflexão da água para dar forma a looks inspirados no poema “Lagoa”, de Carlos Drummond de Andrade. Já Rafaela Prata captou os movimentos leves e graciosos das águas-vivas em harmonia com as cores e estruturas dos corais para criar estampas pintadas à mão em vestidos de tecidos simples como musseline, crepe romano e lycra.


A dupla Juliana Ribeiro e Lísia Maria utiliza a água não só como conceito, mas também como forma, transferindo para as roupas a rigidez, fluidez e leveza dos três estados do elemento: sólido, líquido e gasoso. A concorrente Juliana Cruz também aplicou referências formais à sua coleção “Claire-voie”. Com modelagem limpa, os looks criados apresentam uma desejável desproporção entre top e botton que resulta em silhueta no formato de pirâmide invertida, além de valorizar a estamparia e resgatar técnicas artesanais, como rendas, bordados e feltragem.


Outras duas coleções também tratam da beleza da água, mas buscam inspiração nos mitos e crenças relacionados à água. “Canto da sereia”, de Alzira Barroso, brinca com a sensualidade ligada ao personagem para desenvolver roupas que valorizam as curvas do corpo com muita feminilidade e fantasia. Já Alzira Calhau pensou em Iemanjá para compor as peças de “Ela mora no mar”. Além de fazer uma homenagem à deusa que habita as crenças dos pescadores, ela toca no aspecto ambiental mostrando que nem só bons presentes são lançados ao mar. Seus vestidos vão da riqueza e delicadeza das oferendas, com pérolas e espelhos, a representações de um mar poluído.
 Preocupação sustentável
 O mote ambiental foi o ponto de partida de quatro coleções do concurso. A famosa cidade perdida sob o oceano foi reinventada por Júnio Ramos. A Atlântida que ele imaginou é um local poluído onde os habitantes precisaram evoluir para sobreviver em um ambiente hostil. Nas roupas, essa identidade é mostrada cores escuras, tendo como base principalmente o jeans e o black-dourado – cor apresentada no tule e no sirré. A estudante Bruna Abreu denuncia a matança ilegal de baleias representando o dia de um pescador. Ela mescla imagens fortes, tendo o vermelho como referência para sangue, com linguagens sutis como o brilho prateado do reflexo do luar nas águas.


A representação de Bruno Soarelli fala da escassez com a coleção “O mar virou sertão”. Texturas, cores contrastantes e aplicações de silicone traduzem a iminência de um destino desastroso para os recursos hídricos. O futuro da água no planeta também é a essência da coleção de Domitila de Paulo, que mostra o ciclo natural da água como uma metáfora para um processo de nascimento e, talvez, morte. As fases são traduzidas de modos distintos nos looks, que vão de movimentos sutis e tons de azul a recortes retos acompanhados de cores neutras como nude e marrom.


Entre os concorrentes, estão estudantes e profissionais de moda. Parte deles possui formação em instituições superiores, como Universidade Federal de Minas Gerais, Universidade do Estado de Minas Gerais e Universidade Fumec.
 
Da esquerda para a direita, em pé: Junia Cruz, Bruna Abreu, Lísia Maria, Juliana Ribeiro, Zilanda Barroso, Domitila de Paulo, Júnio Ramos, Ana Luiza e Raquel Souza
Sentados: Bruno Soarelli e Alzira Calhau
 Foto: Fábio Ortolan.

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